E a polêmica em torno do seu uso entre os cristãos
Há mais de 400 anos que a Árvore de Natal é um dos mais populares
símbolos natalinos. Sua história, porém, remonta ao oitavo século d.C.,
quando o arcebispo e missionário católico Bonifácio (que após ser
martirizado foi canonizado como São Bonifácio) criou a chamada “Árvore
do Paraíso” – como os primeiros cristãos alemães a chamavam.
Os antigos germânicos, antes de serem cristianizados, acreditavam que o
mundo e todos os astros estavam sustentados nos ramos de uma grande
árvore chamada por eles de o “divino Idrasil” ou o “deus Odim”, a quem
rendiam culto a cada ano, no período do solstício de inverno (em
dezembro), época em que supunham que a vida na Terra era renovada. A
celebração desse dia consistia em adornar uma grande árvore com tochas
que representavam as estrelas, a lua e o sol. Em torno dessa árvore,
eles cantavam e dançavam adorando ao deus pagão Odim e a seu filho Thor.
Porém, no oitavo século, o missionário católico Bonifácio começou a
cristianizar os pagãos germânicos e derrubou o grande carvalho em
adoração a Odim e a Thor. Esse acontecimento se deu em 723 d.C. e é
considerado o evento que marca oficialmente o início da cristianização
dos povos germânicos. Com a madeira do grande carvalho, Bonifácio
construiu uma capela que viria a ser a primeira sede do bispado católico
na Alemanha. Hoje, no mesmo lugar, encontra-se a catedral de Fritzlar.
Foi Bonifácio quem ensinou aos pagãos germânicos a verdadeira origem do
mundo segundo a Bíblia. Ele ensinou-lhes também a criação de Adão e
Eva, a Queda do homem, e Jesus, o Filho de Deus que veio morrer para
expiação dos nossos pecados. Então, após derrubar o antigo carvalho, o
missionário católico resolveu plantar no mesmo lugar um pinheiro e o
adornou com maçãs e velas, dando-lhe um simbolismo cristão. Assim, maçãs
representavam as tentações, o pecado original, uma referência à árvore
do Jardim do Éden; e as velas representavam Cristo, a luz do mundo.
Dessa forma, o antigo culto a Odim no período da festa do solstício foi
substituído pelo culto ao Deus cristão, o verdadeiro Criador do mundo, e
o pinheiro com esses enfeites de simbolismo cristão começou a ser usado
para celebrar a criação do mundo e dos primeiros seres humanos por
Deus. O pinheiro adornado passou a ser chamado por eles de “Árvore do
Paraíso”. Bonifácio seria martirizado em 754 d.C. na Frísia por pagãos
que se opunham à evangelização naquele lugar.
Assim, do século 8 ao século 16, para os cristãos germânicos medievais,
a data de 24 de dezembro, além de ser véspera de Natal, era também o
dia da festa religiosa de Adão e Eva, que rememorava a criação do
primeiro homem e da primeira mulher por Deus. E nessa festa, a peça
usada para celebrar a data nas casas era justamente uma árvore de
pinheiro com maçãs penduradas, para representar a “Árvore do Paraíso” no
Jardim do Éden. Inclusive, com o passar dos anos, os católicos alemães
que ainda tinham essa prática passaram a enfeitar ainda mais essas
árvores para a festa. Passaram, por exemplo, a pendurar nelas também
bolinhos delgados, simbolizando a hóstia, para lembrar a redenção do
homem por meio do sacrifício de Cristo.
O detalhe é que, como o Natal era celebrado no dia seguinte à Festa de
Adão e Eva, as casas costumavam usar, durante as comemorações das duas
datas, além da “Árvore do Paraíso”, uma peça de madeira, geralmente de
formato piramidal e cheia de prateleiras, para pendurar figuras de Natal
decoradas com sempre-verdes e velas. Uma dessas figuras era uma estrela
representando aquela que guiou os magos do Oriente a Cristo em Belém
(Mt 2.1,2,9-12).
Então, quando chega o século 16, nasce na Alemanha, de fato, a Árvore
de Natal, como uma “fusão” das duas peças: a “Árvore do Paraíso” de
Bonifácio e a o móvel natalino de madeira para pendurar figuras de
Natal. A tradição alemã aponta para o reformador Martinho Lutero como o
grande catalisador dessa fusão. Lutero teria sido o primeiro a usar o
pinheiro como peça natalina. Conta-se que, em uma noite de inverno no
mês de dezembro, no século 16, Lutero teria olhado para o céu através de
alguns pinheiros que cercavam a trilha no meio da neve e visto o
firmamento intensamente estrelado, parecendo-lhe um colar de diamantes
encimando a copa das árvores. Tomado pela beleza daquilo, ele arrancou
um pequeno pinheiro e o levou para casa. Lá chegando, colocou o pequeno
pinheiro num vaso com terra e, chamando a esposa e os filhos, decorou-o
não apenas com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos, mas
também com papeis coloridos para enfeitá-lo ainda mais. A partir
daquele momento, o pinheiro passou a ser usado como símbolo do Natal em
sua casa e, posteriormente, também na de outras famílias, que gostaram
da ideia, fazendo nascer, de fato, o que hoje conhecemos como Árvore de
Natal.
Segundo a tradição alemã, Lutero queria mostrar às crianças, por meio
dessa árvore enfeitada, “como deveria ser o céu na noite do nascimento
de Cristo”. Os católicos convertidos ao protestantismo, e que antes
usavam a “Árvore da Vida” de Bonifácio, substituíram os bolinhos, que
representavam as hóstias, por biscoitos de formatos os mais variados.
Com o passar dos séculos, a tradição da Árvore de Natal foi se
espalhando pela Europa e os Estados Unidos por meio da imigração,
chegando à América Latina, e ao Brasil, no século 19. E de lá para cá,
algumas mudanças também aconteceram, com as maçãs sendo trocadas por
bolas artificiais e as velas, com o surgimento da luz elétrica, por
luzes artificiais.
Apesar da origem cristã da Árvore de Natal, muitos cristãos de hoje
preferem não usá-la em suas casas, por temerem estar, de alguma forma,
mesmo que indiretamente, se assemelhando aos povos pagãos do passado
(como os pagãos germânicos), que usavam árvores sagradas para celebrar o
solstício de dezembro. Outros cristãos, porém, não se importam em
usá-las particularmente em suas casas, já que as árvores de Natal, desde
sua origem no século 16, não têm e nunca tiveram o mesmo significado
das árvores sagradas pagãs, pois nunca foram objetos de adoração ou
sequer veneração, mas apenas um enfeite natalino com simbolismos
cristãos cuja origem remonta aos primeiros cristãos alemães no século 8 e
aos primeiros protestantes alemães no século 16. Seja como for, essa é
uma questão de consciência, para o qual podemos aplicar o princípio de
Romanos 14: Se algum irmão vê a Árvore de Natal de uma forma diferente
do seu real significado, é melhor não usá-la, por questão de
consciência. Além do mais, não convém usar árvores de Natal em templos,
por duas razões: primeiro, em respeito à consciência dos irmãos que não a
vêm como algo aceitável; e segundo, porque não se trata de uma
ordenança bíblica, mas apenas de uma tradição posterior de origem
cristã.
Agora, independente de se gostar ou não de Árvore de Natal, fato é que
Natal não é Papai Noel, nem meros enfeites de Natal, como os do famoso
pinheiro natalino alemão, mas é a celebração do nascimento de Cristo, o
Verbo encarnado, que se fez homem para morrer em nosso lugar, para
remissão de nossos pecados e nossa completa Salvação. A Ele a Glória,
hoje e sempre.
Redação CPAD
Deixe seu comentário no IPRVida
Nenhum comentário:
Postar um comentário