Especialistas derrubam mito de teoria apocalíptica e que calendário maia indica apenas início de nova era, a partir de hoje.
Ao contrário do que algumas pessoas
acreditavam, o dia 21 de dezembro não foi marcado por terremotos,
tsumanis, furacões e demais desastres naturais. Cientistas e estudiosos
já haviam alertado – há mais de um ano, que a teoria apocalíptica dos
maias não se concluiria e que tudo não teria passado de um erro de
interpretação. Até a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) entrou na
discussão e publica um documentário, amanhã (22), explicando o equívoco e
alertando que, para os povos antigos, o calendário indicaria apenas o
início de um nova era.
O motivo de tantas discussões tiveram
início no México e regiões próximas, onde os maias viveram por quase
três mil anos – de aproximadamente 1000 a.C a 1697 d.C. De acordo com
especialistas, o monumento nº 6, no sítio arqueológico de Tortuguero e
um ladrilho com hieróglifos, em Comalcalco, trariam previsões
catastróficas de um evento místico datado para hoje.
Estudos passados revelavam que o evento
aconteceria no solstício de inverno, quando um antigo governante do
lugar, Bahlam Ajaw, se encontraria com um dos deuses que eles cultuavam,
Bolon Yokté. Esse fato, como contado por gerações, resultaria no final
dos tempos.
Entretanto, ainda em 2011, o Instituto
Nacional de Antropologia e História (Inah) apresentou uma revisão que
indicava perspectivas menos dramáticas. Para os maias, a data citada no
calendário significaria apenas o retorno de Bolon Yokté. Conforme
explicaram os arqueólogos, a tragédia seria apenas uma versão ocidental
não citada ou construída pela doutrina desse povo. Segundo as novas
interpretações das ruínas, a confusão foi alimentada pela maneira
complicada que os maias tinham que medir o tempo, composta por ciclos de
400 anos cada.
Opiniões
religiosas
Na visão de estudiosos e líderes de várias religiões, o fim do mundo, previsto para hoje, não passa de mais uma falsa profecia,
como as que já se repetiram por inúmeras vezes ao longo da história da
humanidade. De acordo com a mãe de terreiro Eliane Rosa de Carvalho,
seguidora da doutrina umbandista, esse não será o final do globo
terrestre. Segundo a ceita, o que já deve estar em andamento são vários
tipos de transformações com a finalidade de mudar o comportamento
egoísta do homem. “Muitas pessoas passarão por mudanças e a natureza
também reagirá, causando outras catástrofes naturais. No fundo, isso
deve ser bom, pois deve redirecionar o homem.”
Mãe Eliane conta que a umbanda é
fundamentada no trabalho com os antepassados, ou seja, espíritos
enviados para orientar e aconselhar. No entanto, ela garante que até
hoje não houve nenhuma mensagem em suas reuniões sobre esse suposto
acontecimento. “Acredito que os maias eram um povo muito inteligente
para a época em que viviam, mas acho que a mensagem deles foi
interpretada de forma errada. Não há possibilidades de um fim do mundo
com data marcada”, acrescenta a mãe de terreiro.
Para o espírita, Edijer James –
estudioso e expositor da doutrina, o dia 21 dezembro é uma data comum.
Segundo ele, os espíritos aconselham que as pessoas se mantenham
tranquilas na data. “A força do pensamento traz grandes influências.
Imagine 7 bilhões de pessoas pensando em coisas negativas… Isso pode
fazer com que desastres aconteçam. Nossos pensamentos têm poder”,
alerta.
James ainda explica que o espiritismo
não acredita em “fim do mundo” e sim em transição planetária, em que os
seres mais ou menos evoluídos são substituídos por seres mais
evoluídos. “A transição planetária já começou e está acontecendo de
forma gradativa. Os espíritos mostram que caminhamos para que o bem
prevaleça e o respeito e amor esteja com todos”, esclarece.
Estudioso do budismo, Valério Lima
também concorda com a hipótese de que houve uma interpretação errada do
calendário maia. Ele explica que a data é o início de uma nova era, em
que as pessoas passarão a desenvolver uma consciência sobre as coisas
erradas que estão sendo feitas pelos seres humanos. “Mudanças
aconteceram, mas nada apocalíptico ocorrerá”, afirmou.
Lima afirma ainda que o budismo acredita
que toda ação tem uma reação. O budista explica que se as pessoas
continuarem a destruir a natureza, consequências surgirão. Mas nada
repetindo, como pregavam aqueles que acreditavam no fim no mundo na data
de hoje. “As atitudes negativas do homem geram desastres para economia e
o meio ambiente. Mas tudo caminha para um recomeço… Uma nova fase, em
que seremos melhores e mais conscientes”, esclarece.
Visão Cristã
O mundo não vai acabar de acordo com o calendário Maia, afirma o Vaticano
De acordo com o padre Rafael Javier
Magul, da Paróquia São Nicolau – da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa
Antioquina – está previsto o que os cristãos chamam de juízo final, mas
ninguém nunca soube a data específica. Ele diz que a previsão dos povos
antigos são especulações e que, no livro sagrado, está escrito para a
humanidade sempre vigiar. “O tempo de Deus é diferente da contagem
temporal dos homens. A mensagem Dele é para sempre ficarmos atentos e
nos prepararmos por meio de obras. Como a chegada do ladrão, que ninguém
prevê, assim também será o juízo final.”
Padre da Igreja Católica Apostólica
Romana, Monsenhor João Daiber – vigária geral da Arquidiocese de Goiânia
e pároco da Paróquia São José, concorda com a visão de Padre Rafael.
Segundo ele, a Bíblia fala para todos se prepararem para a volta de
Jesus, quando será o dia do Juízo. “Embora tenham sido um povo bastante
evoluído, os Maias não existem mais e ninguém pode saber o que eles
realmente quiseram dizer com aquele calendário. A verdade é que não há
um perigo iminente.”
Para o Monsenhor, as pessoas não devem
se assustar. Ele também relembra outras situações em que as pessoas
surgiram com os mesmos temores e nada aconteceu. “Nem mesmo o apocalipse
descrito na Bíblia precisa ser temido. A passagem é escrita em uma
linguagem característica da época de Cristo e não deve ser interpretada
ao pé da letra.”
Essa opinião também foi compartilhada
pelo pastor Gilvan Ferreira Barbosa, da Igreja Evangélica Assembleia de
Deus Ministério Vida Nova. Segundo ele, as religiões cristãs comungam da
ideia de do retorno de Jesus Cristo. “Essa é a única regra. A Bíblia é
uma livro de milagres e profecias que se cumpriram e que ainda vão se
cumprir. Entretanto, não há nenhuma passagem que mencione uma grande
catástrofe amanhã.”
Conforme o pastor, o final dos tempos
não tem uma data marcada e foi explicado por Jesus que nem os anjos
seriam avisados sobre o evento. “Tenho certeza que no sábado estaremos
todos seguindo o fluxo normal da vida. Eu nem me preocupo com isso e
continuo dormindo tranquilamente”, ressalta Gilvan.Informações DM
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