Quando
falamos em feminismo devemos ter conhecimento deste movimento e suas
raízes e analisarmos até que ponto essa luta por direitos da mulher não
está se tornando, ou já se tornou em algumas vertentes, uma militância
de confronto com o sexo masculino podendo, fora do contexto e ideal
original, estar fazendo mais “mal” do que “bem” para a sociedade a que
pertencemos e, principalmente, para nós mulheres.
A mulher tem espírito competitivo, inteligência e sabedoria, e tem
buscado cada vez mais conhecimentos. Estatísticas mostram como a mulher
tem se destacado no mercado de trabalho e na política em todo mundo,
conquistado seu espaço e seu direito como cidadã, e como pessoa humana.
Mas muito ainda temos que caminhar. A violência existe. A cada 15
segundos uma mulher é agredida e/ou morta no mundo. A violência contra a
mulher ainda é um problema mundial e deve ser combatida. No Brasil, no
ano de 2012, uma pesquisa mostrou que 6 em cada 10 brasileiros conhecem
alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. Mulheres têm sido
brutalmente assassinadas e agredidas, é fato, e a principal causa ainda é
o machismo.
Quando falamos em feminismo no sentido de luta das mulheres por direitos
humanos de não serem discriminadas e agredidas e/ou tratadas como um
ser inferior aos homens, seja no lar, no mercado de trabalho, na igreja
ou na política, abrimos caminhos para um movimento e uma discussão justa
onde o sexo masculino também tem feito parte, pois se trata de direitos
humanos. O movimento feminista neste contexto tem conseguido mexer com o
mundo lançando um olhar de maturidade e humanidade sobre esta mulher,
que é o esteio do nosso lar, e da nossa sociedade.
Dito essa verdade e mostrando que sim, essa vertente do feminismo é
essencialmente importante nessa luta, quero pontuar algumas questões que
creio estarem desfocada do ideal e chamar a atenção para este fato: o
de não perdemos o objetivo inicial e principal, ou estaremos extinguindo
papeis social, sexual e familiar tão importantes para a restruturação
familiar.
Lutar por direitos, muitas vezes em meio à competição, pode se tornar
uma luta com argumentos perdedores, onde está em jogo um direito tão
importante para nossa estrutura emocional: o de ser amada valorizada e
protegida exatamente por ser mulher.
Como uma profissional que não tem vergonha e exerce seu direito de
mulher de crer em Deus, digo que Deus tem usado igualmente mulheres e
homens. Mulheres têm conquistado espaço dentro de ministérios e os mesmo
direitos a cargos, títulos e posições de liderança, realizando tudo em
igualdade.
Nós mulheres temos conquistado o mundo, isso é fato (estamos preenchendo
o lugar desocupado pelo sexo masculino talvez). Porém, não podemos de
forma alguma perder o nosso referencial e o respeito pelo sexo oposto,
desrespeitando seus direitos e o nosso direito de cultivar a nossa
feminilidade e preservar nosso desejo de amar e ser amada e respeitada
em todas as áreas como mulher, esposa, filha, mãe e/ou amiga. Isso em
qualquer situação e/ou condição. Nosso maior direito, o de ser mulher,
não pode ser violado. Nossa identidade e papel sexual, social, papel de
ajudadora, deve ser exercitado e valorizado por nós mesmas. Podemos
querer ter igualdade de direitos, mas nunca assumir a personalidade do
sexo oposto ou entraremos em conflito com nossa personalidade, que é
única.
Explicando sobre o movimento feminista
O movimento feminista mundial vem se organizando e atuando em diferentes
frentes de luta e em diferentes formas, tendo como consequência uma
diversidade de vertentes que variaram ao longo da história e do contexto
social, por meio da igualdade, da diferença e da separação. Há porém,
no feminismo, um compromisso comum de por fim a dominação masculina e à
estrutura patriarcal. As diferenças situam-se na identidade, no
adversário, e em quais os focos de luta, bem como metas, se quer
alcançar. As divergências vão da análise das raízes do patriarcalismo, à
possibilidade de combater e reformar o estado patriarcal e/ou
capitalismo patriarcal, a heterossexualidade patriarcal, ou ainda a
dominação cultural.
Tudo hoje gira no campo do relativismo social, da busca do prazer. E
essa busca, se for descontrolada, pode gerar problemas de pertencimento,
sociais, emocionais, familiares e conflitos de direitos, pois todos nós
temos direitos e de certa forma lutamos por eles. Temos que tomar muito
cuidado para não sermos, nós mulheres, usadas por esse movimento
extremista como idiotas úteis e/ou massa de manobra apenas e, ao invés
de lutarmos pelo direito da mulher no trabalho, pelo tratamento
igualitário enquanto ser humano, pelo salario justo à nossa competência e
pela não violência, nos envolvermos e engrossar as agendas mundiais de
ações contrárias aos nossos princípios e a nossa fé como, por exemplo,
aborto, prostituição, desconstrução da família tradicional natural
biológica, etc.. Coisas que para nós, cristãos, é incompatível. Porém, a
opressão sexual e a violência contra a mulher devem ser desmascaradas e
extinguidas da sociedade cristã e, principalmente, de dentro das
igrejas.
O maior perigo para nós, mulheres cristãs, é o de estar contribuindo com
o movimento de desconstrução familiar e de nosso papel social.
Durante o desenvolvimento de frentes, aparentemente por direitos, elas
incorporam outras frentes de luta, e começam a forjar o conceito de
gênero e da hierarquia mascarada pela diferenciação de papéis que tem
origens no feminismo radical. É o feminismo desconstrutivista que
acredita ser o sexo (tanto no sentido biológico quanto social) uma
construção social, que deve ser rejeitada enquanto unidade de
classificação. Para esse tipo de feminismo o paradigma de dois sexos
deve ser substituído por outro, que considere diversas sexualidades. Ou
seja, este movimento feminista por ideias há muito tempo deixou de ser
legítimo e passou a ser uma guerra não por direitos, mas sim uma guerra
de sexos, e com essa luta não devemos compactuar.
E onde estamos nós mulheres cristãs nesse movimento
A luta contra a violência, a discriminação e pela liberdade da mulher
como pessoa humana é muito bem vinda e deve ser apoiada e divulgada por
todas as mulheres em todo mundo. O exagero é o fanatismo desses
movimentos desfocados, onde mulheres confundem luta contra o preconceito
e discriminação com uma luta pessoal e ou de gênero contra o sexo
masculino, destilando preconceito generalizado contra o sexo oposto e
querendo se igualar a ele, não aceitando que, embora lutemos por
igualdade de direitos, somos sim muito diferentes.
Um mundo dominado por homens.
A luta contra o estado patriarcal é bem vinda no sentido de que nós
mulheres temos competência e direitos de assumir cargos e posições
sociais, politicas ou ministeriais tanto quanto o sexo oposto, e de que
temos a liberdade de expressão e de direitos. Porém, a meu ver, é
exatamente nessa interpretação de direitos de cada sexo que mora a
controvérsia e toda a preocupação, pois nessa luta de conquistar
direitos podemos estar perdendo nosso maior direito: o de ser feminina,
mulher amada e protegida pelo sexo masculino. A guerra de egos pode
estar destruindo os relacionamentos e os papeis sexuais e sociais de
cada sexo. Vejo essa desconstrução como uma doença social imposta por
grupos militantes de gênero, e não como uma luta legítima contra a
violência e direito da mulher enquanto sexo feminino.
Podemos ser femininas, idealistas e militantes por direitos. Porém, não
podemos perder nossa identidade de sexo oposto, nossa feminilidade.
Podemos conquistar o mundo e ser melhores que os homens em muitas
coisas, mas preservando a nossa qualidade de sexo frágil fisicamente e
emocionalmente, pois, por mais que conquistemos espaços, nossos
hormônios, nossos afetos e nossa fragilidade mostram que temos um limite
para nossas conquistas, e que não podemos confundir conquistas por
direitos com inveja do sexo oposto.
A mulher na Igreja
Cada qual tem sua importância e seu papel na família, na igreja e na
sociedade. A perda desta identidade pode e está gerando muitos
conflitos, muitas vezes desencadeando uma confusão de papéis,
desestruturando nossas emoções e nossa personalidade, influenciando
assim nossa família e nosso ministério de forma negativa.
Na igreja não é diferente, não somente pastoras estão crescendo entre
denominações liberais em todo mundo, mas também entre igrejas e
denominações evangélicas conservadoras. Nós mulheres temos conquistado
nosso espaço, nosso direito de ministrar e pregar. Os papeis têm se
igualado, mulheres têm estado à frente de ministérios brilhantemente. A
mulher tem sido importante na condução, principalmente, nos ministérios
social e missionário. Ou seja, tudo que um homem pode fazer em termos
ministeriais a mulher também tem conquistado e de forma brilhante.
Entretanto, algumas não têm se contentado em ser a costela, o que muitas
querem é ser o Adão. Muitas vezes a responsabilidade é do próprio
homem, que não tem cumprido seu papel de verdadeiro líder espiritual, e
tem usado desse poder para subjugar a mulher como ser inferior. Muitas
mulheres tem se revoltado e não aceitado mais serem ofendidas e magoadas
por aquele que prometeu amá-la e protege-la todos os dias de sua vida.
Essa frustração e confusão de papeis, além da falta de honra masculina
em sustentar emocionalmente e espiritualmente em amor (não em violência,
discriminação, desrespeito e desvalorização), tem levado essa mulher a
uma busca incessante por realizações pessoais, como que para preencher o
vazio deixado por uma ilusão de que seria cumprido nela pessoalmente as
promessas de Deus quanto ao seu relacionamento. Assim ela segue tomando
atitudes de comando como defesa, e muitas vezes vai destruído sua
família e seu ministério, pois está, sem perceber, destituindo o poder
espiritual protetor sobre sua vida, que é função espiritual do sexo
oposto.
Por outro lado se, o homem só tem a função de humilhação e não de
provedor espiritual, afetivo e financeiro, não tem sido o modelo para
ela e seus filhos, e a mulher percebe que pode fazer tudo sozinha,
porque deste homem? O perigo está exatamente neste ponto. Se o homem não
faz a diferença e não cumpre seu papel nessa relação, há um
desequilíbrio e uma busca incessante da mulher por direitos de pessoa
humana. Nesse caminho ela pode confundir seu papel e até mesmo seus
direitos, e colocar em risco sua espiritualidade. Essa é a triste
realidade.
Entretanto, temos que fechar a questão em um ponto: não temos espaço
hoje no mundo, e tão pouco na igreja para discriminação, preconceito e
maus tratos contra a mulher. Deus, em Genesis 1:28, deu uma ordem:
“Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos;
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes”. Note que Deus
fala no plural, dando ordem aos dois de conquistas e dominação sobre as
coisas do mundo, querendo exatamente mostrar a importância dessa
parceria. Isso quer dizer que Deus deu poder de igualdade a bens
materiais, posições sociais, direitos civis… Enfim, igualdade de
direitos no mundo. Porém, ao homem foi dada a função de líder
espiritual. Não de cabeça, pois o cabeça do corpo é somente Cristo.
Alguns homens, por falta de entendimento e estrutura psicológica, tem
confundido a milênios este ministério por machismo e preconceito, e a
mulher tem lutado contra essa falsa interpretação bíblica e tem buscado
seu direito de ser aceita, amada, respeitada e protegida, ao mesmo tempo
em que busca ser útil, podendo desenvolver seus dons e talentos.
O perigo está, porém, no desequilíbrio e na falta de sabedoria e
conhecimento da mulher, pois nessa busca incessante por direitos muitas
têm se perdido em sua ideologia e tirando o direito ao sexo oposto de
desempenhar seu papel dentro do ministério de Jesus Cristo.
As grandes conquistas da mulher dentro da igreja são influências, de
certa forma positiva, de vertentes das gerações mais recentes do
movimento feminista. Sendo essas a liberdade de exercer seu ministério,
sendo aceita e respeitada socialmente pelo homem Cristão e a não
aceitação da opressão sexual. Temos tido mais abertura para cooperar com
os movimentos sociais masculinos, isso vemos dentro da igreja com bons
olhos.
Mas é de fundamental importância que a mulher, mesmo que seja no
comandando, procure ser sábia a ponto de não descaracterizar seu papel
feminino e não assumir mais responsabilidade do que realmente tem dom,
unção e capacidade de exercer. É importante esclarecer que essa mulher,
no desespero, de querer “ser” e pertencer a este mundo, antes de
propriedade exclusivamente masculina, dê um passo maior que a perna a
atraia para si apenas stress desnecessário e uma luta espiritual para a
qual não tem capacidade e não está preparada para assumir, ou mesmo não
tenha sido chamada por Deus para cumprir.
Somos capazes e podemos fazer muito mais do que imaginamos, porém temos
que ter senso crítico e não acompanhar a moda, haja vista que o modismo
mundial para nossa fé só tem atrapalhado nossas conquistas.
Se cumpríssemos os dois maiores mandamentos e ensinamentos de Jesus,
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o
primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”
(Marcos 12:30-31), jamais precisaríamos lutar por direitos de sermos
respeitadas e não discriminadas, pois o amor de Deus deveria garantir
esses direitos. Se isso não está acontecendo é porque o ego do homem não
tem permitido.
Para meditar com compreensão
“Se alguém aceita a inerrância e a exatidão histórica da Escritura e
interpretar corretamente 1 Timóteo 2:9-15, então todas as porções do
Novo Testamento que falam sobre o papel da mulher na assembleia local se
encaixará no seu devido lugar. Por exemplo, alguém compreenderá o que
Paulo tencionava quando ele ordenou que as mulheres “permanecessem em
silêncio” na igreja local (1Co 14:33-34). Alguém também compreenderá por
que a natureza proscrita das Epístolas pastorais declara que um
pastor/bispo/ancião tem que ser ‘o marido de uma só mulher’ (1Ti 3:2). O
leitor das Epístolas Pastorais tem que entender que Paulo está dando
uma direta e divina revelação concernente aos papéis e comportamentos de
homens e mulheres na igreja local, e ambos, mulheres e homens possuem
certos ministérios e responsabilidades para preencher. No entanto, a
mulher é proibida de ensinar, ou proclamar com autoridade a verdade da
Palavra de Deus a homens numa assembleia local de crentes. Hoje, esta
proclamação autoritária da Palavra de Deus inclui alguma forma de
ministério pastoral ou sustentação de algum ofício de ordenação. As
razões para esta proibição divina se origina na ordem prescrita na
criação, na família e na igreja local.” Valdenira N.M. Silva, 2006
E é fácil entender essa verdade, pois, por mais que as mulheres façam,
cresçam e tenham seu ministério, preguem, e seja vitoriosas (e devem
buscar ser), na igreja local a autoridade espiritual é do homem. Ele
pode exercer com menor frequência esta função de pregador na igreja se
não quiser, mas deve ser respeitado por toda congregação, sua família,
sua esposa, e por ele mesmo como líder espiritual. Se essa liderança for
exercida em amor e em respeito, será entendida e aceita por toda e
qualquer mulher, por mais liberal que seja.
Podemos ser feministas sem ferir princípios, mas sendo femininas
precisamos saber que é muito bom ser mulher, saber que temos um homem
para nos amar e proteger espiritualmente e emocionalmente. No entanto,
nossa felicidade nunca deve depender do outro, deve depender de nós
mesma e de Deus. Mas, confessa que o sonho de toda mulher é um retorno
ao paraíso “ser amada e respeitada por quem a gente ela ama”. Isso é e
tem sido nossa maior luta e conquista, essa verdade emocional prova que
Deus criou o homem e a mulher para completarem um ao outro (Genesis
1:30), e viu Deus que era muito bom.
Referências:
Bíblia Sagrada
O Papel Das Mulheres Na Igreja Local Valdenira N.M. Silva, 2006
Foundation Magazine, Jul-Ago 2001 (The Role of Women in the Local Church)
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo
Por: Marisa Lobo
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