Ele pediu aos cristãos que permanecessem no Iraque para que o Oriente não fique sem cristãos
Um clérigo islâmico radical emitiu uma fatwa* ameaçando cristãos
iraquianos de morte, a menos que se convertam ao islamismo. O
primeiro-ministro pede aos cristãos que permaneçam no país.
O ultimato foi emitido pelo aiatolá Ahmad Al Hassani Al Baghdadi, em 13
de dezembro, pela televisão egípcia. Ele chamou os cristãos de
"politeístas" e "amigos dos sionistas", e disse que "as suas mulheres e
filhas podem ser, legitimamente, consideradas esposas de muçulmanos".
Os cristãos de Bagdá disseram que a fatwa poderia provocar alvoroço na capital, onde hoje existem poucos cristãos.
O pronunciamento do líder islâmico lançou dúvidas sobre a possível
reabertura de uma igreja de Bagdá, que foi palco de um massacre
sangrento em 31 de outubro de 2010; cerca de 58 pessoas foram mortas e
mais de 100 ficaram feridas em um ataque coordenado pela Al-Qaeda.
Na cerimônia de inauguração da igreja, sexta-feira (14 de dezembro), o
premiê iraquiano Nuri al-Maliki disse: “Exorto os países da UE (União
Européia) que não encorajem os cristãos iraquianos a sair do país,
vivemos lado a lado e gozamos de harmonia e boas relações”. Ele pediu
aos cristãos que permanecessem no Iraque “para que o Oriente não fique
sem cristãos”.
O ataque à igreja em Bagdá foi o pior registrado contra cristãos
iraquianos, que sofreram uma série de ameaças, sequestros e assassinatos
após a invasão liderada pelos EUA, em 2003. Consequentemente, centenas
de milhares de cristãos fugiram do Iraque: o número de cristãos caiu de
1,5 milhões, em 1990, para menos de 400 mil hoje.
Muitos dos que fugiram das áreas mais perigosas, como Bagdá e Mosul foram para a região autónoma do Curdistão iraquiano.
Em uma conferência em Washington, no início deste mês, chamada “A
Situação das Comunidades cristãs no Curdistão iraquiano: Desafios e
Oportunidades”, um grupo de peritos concluiu que os cristãos são bem
tratados lá se comparado com outras regiões do país.
Dr. Herman Teule, diretor do Instituto de Estudos Cristãos Orientais da
Universidade Radbound na Holanda, disse que os cristãos da região curda
foram envolvidos na política e beneficiados por programas
governamentais destinados a ajudar na construção de casas para os
refugiados cristãos e na reforma de igrejas danificadas.
Robert A. Destro, diretor do Programa Interdisciplinar em Direito e
Religião na Universidade Católica da América, disse: “É uma questão
relativa de aceitação e liberdade. Não é nada como o que temos aqui. Há
uma contínua luta pela sobrevivência.
É muito mais fácil, por exemplo, ser cristão no Curdistão iraquiano,
porque os cristãos não são vistos ali como uma força invasora do
Ocidente.”
*Fatwa: É um parecer ou decisão jurídica, emitida por um estudioso
islâmico, sobre assuntos específicos que, normalmente, não são claros ou
de difícil compreensão na jurisprudência islâmica (Fiqh).
Fonte: Portas Abertas
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