O complexo de Jó
Ninguém gosta de ser surpreendido pelo mal.
Queremos sempre o melhor, mesmo àqueles que não estão plantando coisas
boas, querem colhe-las. É a vida. Existem até os que encontram
felicidade em sofrer e fazer sofrer. Patologias que carecem de
tratamento. Mesmo estes, com a visão distorcida de felicidade procuram
encontrá-la à sua maneira.
Jó era próspero e feliz, mas no seu intimo, tinha medo.
Medo de perder a felicidade, o que o fez declarar: “Porque aquilo que
temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu, nunca estive
tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a
perturbação" Jó 3:25, 26. Ele aguardava a felicidade, mas, ao mesmo
tempo não acreditava nela. Era um homem de fé, obediente a Deus,
dedicado a família, porém, incertezas sobre o futuro o incomodavam.
Quantos de nós não somos como Jó?
Sendo felizes com reservas? Queremos desesperadamente o bem, porém
temos medo de recebê-lo por achar que não merecemos? Não conseguimos
amanhecer e anoitecer, desfrutando cada minuto do dia, como uma dádiva
que não se repete, porque seria injusto ser feliz?!
Algumas pessoas estão sempre esperando realizar algo
para se sentirem completamente felizes: “Ah, quando eu tiver minha casa
própria, serei feliz, quando eu tiver um bom emprego, quando eu não
tiver dívidas, quando eu tiver um marido, quando eu tiver um filho,
quando.... quando... quando...", está sempre faltando algo e quando se
consegue esse algo, logo aparece outro motivo para não se ter
felicidade.
Na tribulação então, é uma catástrofe.
Se não consegue ser feliz na bonança, na tribulação, vira "Mulher de
Jó": "Amaldiçoa a Deus, e morre" (Jó 2:9). Sem perspectiva nenhuma de
vencer a situação, se entrega totalmente a tão temida adversidade.
"Agora sim, tenho todos os motivos para não ser feliz". Conheço pessoas
que haja o que houver, estão sempre se lamentando, como os Israelitas no
deserto.
A felicidade estava no arraial deles,
e eles, querendo o Egito. Medo de ser feliz? Não acreditavam que podiam
ser. Deus estava se manifestando no monte, e eles, fazendo um bezerro
de ouro para adorar. Deus enviando maná do céu, e eles querendo os alhos
do Egito (Como pode trocar maná por alho?). Viviam na base do quando.
"Quando tivermos muita comida, quando tivermos água, quando tivermos um
deus de verdade...", e assim, não aproveitaram o que Deus lhes concedia
Não estou excluída desse "complexo de Jó",
por vezes costumo refletir sobre o amanhã com receio de que o mal me
surpreenda. Há uma necessidade constante de me refugiar em Deus, beber
da sua fonte, me prostrar a Seus pés e confiar, que mesmo em meio a
tribulação Ele tem propósitos abençoadores: "E sabemos que todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o Seu propósito" Rm 8:28. Não foi
assim com Jó? "E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos
seus amigos; e o Senhor acrescentou em dobro tudo quanto Jó possuía" Jó
41:10.
A verdade, é que depois que conheci a Cristo Jesus,
escolhi ser feliz. Foi assim que Ele me ensinou. "Seja feliz hoje, esse
é o dia que fez o Senhor! (Sl 118:24). Tudo quanto nesse dia acontecer,
estará sob controle de Deus. Aleluia! "Tomai sobre vós o meu jugo, e
aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas" Mt 11:29. Portanto, não devemos temer a
felicidade, viver com o complexo de Jó, mas, que reine em nós a certeza
de que Deus nos ama e Seus pensamentos sobre nós são de paz, e não de
mal Jr 29: 11.
Fonte: Wilma Rejane em A Tenda na Rocha
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